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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Vocalista da banda The Monkees, Davy Jones, morre aos 66 anos após ataque cardíaco

  • O ator e vocalista da banda The Monkees, Davy Jones, durante debate 60's Pop Rock: My Music no Beverly Hilton Hotel, em Beverly Hills (30/07/2011)
    O ator e vocalista da banda The Monkees, Davy Jones, durante debate "60's Pop Rock: My Music" no Beverly Hilton Hotel, em Beverly Hills (30/07/2011)
Davy Jones, ator e vocalista da banda The Monkees, morreu aos 66 anos, na manhã desta quarta-feira (29), após sofrer um ataque cardíaco , na Flórida (EUA). Segundo informou o site TMZ, um funcionário do centro médico da cidade de Martin County confirmou que recebeu uma ligação do Martin Memorial Hospital informando que Jones havia morrido.
 
Jones fez parte da banda The Monkees, criada em 1965 pela rede de televisão norte-americana NBC com intenção de rivalizar com os Beatles. Entre 1966 e 1968, ele e os outros integrantes Micky Dolenz, Michael Nesmith e Peter Tork atuaram na série que levava o nome da banda e gravaram o filme "Os Monkees Estão Soltos".
 
O grupo lançou hits como "Daydream Believer", "Last Train to Clarksville" e "I'm a Believer", essa última escrita por Neil Diamond. Mesmo depois de o programa ter sido cancelado, após 58 episódios, eles continuaram a lançar álbuns e a fazer turnês até 1971. O Monkees vendeu 50 milhões de discos em todo o mundo e foi considerado por John Lennon como "os irmãos Marx do rock", uma referência aos comediantes norte-americanos.
 
Em maio do ano passado, Jones, Dolenz e Tork se reuniram para uma turnê de aniversário de 45 anos da banda. A última apresentação ao vivo de Jones foi no dia 19 de fevereiro deste ano em Oklahoma, nos Estados Unidos. Segundo o TMZ, na noite anterior ele havia se apresentado com B.B. King em Nova York e estava aparentemente bem.
 

fonte:uol

Rock N Roll All Stars: Matt Sorum confirma projeto e tour

A mensagem no Twitter oficial de Matt Sorum infelizmente não traz muitas novidades. Mas pelo menos confirma muito do que já foi anunciado sobre o projeto anteriormente.
É oficial. O Matt Sorum's Rock N Roll All-Stars fará uma tour pela América do Sul e América Central. Duff, Gilby, Mike Inez, Joe Elliot, Gene Simmons, Billy Duffy, Steve Stevens, Glenn Hughes, Sebastian Bach e Ed Roland. Pegamos a estrada dia 18 de abril. Vai ser um show matador tocando as melhores músicas de todas as nossas bandas.O anúncio oficial do projeto e da tour será feito no dia 1 de março pelo promotor Gabe Reed, em uma conferência para a imprensa no Roxy Theatre, West Hollywood, California. A banda deve tocar em pelo menos uma data no Brasil, no Metal Open Air, em São Luís, no dia 21 de abril.
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O provável line-up do projeto é o seguinte.
* Gene Simmons (KISS)
* Joe Elliott (DEF LEPPARD)
* Matt Sorum (VELVET REVOLVER, GUNS N' ROSES)
* Duff McKagan (VELVET REVOLVER, GUNS N' ROSES)
* Gilby Clarke (GUNS N' ROSES, ROCK STAR SUPERNOVA)
* Glenn Hughes (BLACK COUNTRY COMMUNION, DEEP PURPLE, BLACK SABBATH)
* Ed Roland (COLLECTIVE SOUL)
* Sebastian Bach (SKID ROW)
* Steve Stevens (BILLY IDOL)
* Mike Inez (ALICE IN CHAINS)
* Billy Duffy (THE CULT)

Guitarrista do Sonic Youth virá ao Brasil em abril

Duas apresentações estão confirmadas

thurstonmoore
O guitarrista do Sonic YouthThurston Moore, e o músico indie Kurt Vile vêm ao brasil em abril. Eles se apresentam em Porto Alegre, no dia 11, no Opinião; e em São Paulo, no dia 12, no Cine Joia. Um terceiro show pode acontecer no Rio, dia 13, se a mobilização do grupo Queremos obter resultado; clique aqui para participar. Para o show de São Paulo, os ingressos já estão à venda e custam R$ 140. Para a apresentação de Porto Alegre, as entradas sem por R$ 80, e começam a ser vendidas nesta quarta, 29. Saiba mais aqui.

DVD do Rush ‘Time Machine Tour’ sai no Brasil

Vídeo registra turnê que passou pelo País em 2010

rushtimedvd
O novo DVD do Rush, “Time Machine 2011: Live In Cleveland”, está sendo lançado no Brasil, via ST2 Vídeo. Já a versão em áudio, um CD duplo com o mesmo repertório - fora os extras, claro - foi lançado pela Warner; saiba mais aqui.
Como diz o título, o show foi gravado na cidade de Cleveland, nos Estados Unidos, no dia 15 de abril de 2011. A direção ficou por conta da duplinha Sam Dunn e Scot McFadyen, que trabalhou com a banda no premiado documentário “Rush: Beyond The Lighted Stage”, e a mixagem foi feita por Rich Chycki, que tem se especializado em vídeos do Rush. A mesma turnê passou pelo Brasil em 2010 - veja como foi no Rio. Cleveland foi uma das primeiras cidades em que o Rush se apresentou nos Estados Unidos. Confira a lista das músicas:
Set One
1- The ‘Real’ History of Rush Episode No. 2 “Don’t Be Rash”
2- The Spirit of Radio
3- Time Stand Still
4- Presto
5- Stick It Out
6- Workin’ Them Angels
7- Leave That Thing Alone
8- Faithless
9- BU2B
10- Free Will
11- Marathon
12- Subdivisions
Set Two
The Real History of Rush Episode No. 17… and Rock and Roll is my name
1- Tom Sawyer
2- Red Barchetta
3- YYZ
4- Limelight
5- The Camera Eye
6- Witch Hunt
7- Vital Signs
8- Caravan
9- Moto Perpetuo (featuring Love For Sale)
10- O’Malley’s Break
11- Closer To The Heart
12- 2112 Overture/The Temples of Syrinx
13- Far Cry
14- La Villa Strangiato
15- Working Man
Bônus
Outtakes from “History of Rush, Episode 2 & 17″
“Tom Sawyer” featuring the cast of “History of Rush, Episode 17″
“Need Some Love” Live from Laura Secord Secondary School
“Anthem” Live from Passaic New Jersey

Bono Vox do U2 está na Amazônia peruana após visitar Machu Picchu



O líder da banda irlandesa U2Bono Vox, esteve nessa terça-feira (28) na Amazônia peruana, em uma visita turística que já passou por Machu Picchu.
Bono chegou ao aeroporto da cidade de Puerto Maldonado procedente de Cuzco e se transferiu para um luxuoso hotel na reserva nacional de Tambopata, segundo informou à agência Andina o diretor de Comércio Exterior e Turismo da cidade, Juan Arzola.
Em outubro do ano passado, o líder dos Rolling StonesMick Jagger, fez um percurso similar pelo Peru junto com sua família.
"Quando esteve aqui, Mick Jagger disse que trabalharia em uma cruzada ambiental pela Amazônia, por isso Bono teria vindo e por isso esperamos também outros cantores internacionais", comentou Arzola.
Tambopata, localizada no sudeste do Peru, tem uma extensão de 274.690 hectares e é considerada um dos lugares com maior biodiversidade do planeta.
O músico chegou na sexta-feira à cidade de Cuzco com sua família e visitou as principais atrações turísticas como a cidadela inca de Machu Picchu e o Vale Sagrado.

Morrissey faz primeiro de quatro shows na Argentina

Turnê do ex-vocalista dos Smiths chega ao Brasil no dia 7 de março e passa por três capitais; veja quais músicas têm sido tocadas nos shows. 

Foto: Gerardo Gómez/elsolonline.

morrisseymendoza
Aconteceu ontem (28/2), na Arena Maipú, em Mendoza, o primeiro de quatro shows queMorrissey faz na Argentina. Ao todo, foram tocadas 19 músicas, sendo cinco dos Smiths, como tem acontecido nessa turnê, mas Moz tem alterado as músicas de show para show; veja o set list completo no final do texto.
No domingo, Morrissey tocou para um público estimado em 14 mil pessoas, em Santiago, e, na sexta, o ex-vocalista dos Smiths se apresentou no Festival de Viña del Mar, também no Chile (veja aqui).
A turnê continua amanhã, em Cordoba, ainda na Argentina, e estreia no Brasil no dia 7 de março, em Belo Horizonte. Dia 9 é a vez do Rio, e no dia 11 o show é em São Paulo; clique aqui para ver os detalhes. Abaixo a lista completa das músicas tocadas no show de Mendoza:
1- First Of The Gang To Die
2- You Have Killed Me
3- You’re The One For Me, Fatty
4- There Is A Light That Never Goes Out
5- Irish Blood, English Heart
6- Everyday Is Like Sunday
7- Alma Matters
8- Speedway
9- Ouija Board, Ouija Board
10- I Will See You In Far-Off Places
11- I Know It’s Over
12- Let Me Kiss You
13- Black Cloud
14- Meat Is Murder
15- Scandinavia
16- I’m Throwing My Arms Around Paris
17- One Day Goodbye Will Be Farewell
18- How Soon Is Now?
19- Still Ill

Muse dá detalhes sobre novo álbum através de fotos publicadas no Twitter

Muse posta fotos das gravações do novo álbum na web
Os integrantes do Muse têm publicado na web fotos das gravações do sexto disco da banda. Trompetes, saxofones e violinos serão alguns dos instrumentos usados no registro, de acordo com as imagens divulgadas via Twitter.
As gravações estão sendo realizadas em Los Angeles (USA) com David Campbell, que já trabalhou com nomes importantes como Radiohead, Beck e U2.
O último trabalho de estúdio do Muse é The Resistance, de 2009. O grupo inglês já havia anunciado anteriormente que o próximo álbum da banda seria diferente de todos os trabalhos anteriores.

Noel Gallagher divulga faixa em parceria com Amorphous Androgynous

"Shoot a Hole Into the Sun", música composta com a dupla, é o lado B do single “Dream On”, que sai dia 11 


Noel Gallagher
Foto: AP

Noel Gallagher postou no YouTube uma primeira colaboração feita com a dupla de rock psicodélico Amorphous Androgynous (ouça abaixo).
A faixa se chama "Shoot a Hole Into the Sun" e é o lado B do single “Dream On”, com lançamento digital marcado para 11 de março. Um dia depois, terão início as vendas limitadas dos vinis de 12 polegadas e dos CDs.
“Dream On" é o quarto single do primeiro disco solo de Noel, Noel Gallagher's High Flying Birds, lançado em outubro de 2011.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ingressos para show de Bob Dylan em SP custam até R$ 900


Entrada mais barata custa R$ 140, em Porto Alegre; pré-vendas começam a partir da próxima segunda, 27
Bob Dylan
AP
por REDAÇÃO
24 de Fev. de 2012 às 16:32
Foram divulgados nesta sexta, 24, os salgados preços dos shows de Bob Dylan no Brasil. O cantor se apresentará no Rio de Janeiro (15/4, Citibank Hall), Brasília (17/4, Ginásio Nilson Nelson), Belo Horizonte (19/4, Chevrolet Hall), São Paulo (21 e 22/4, Credicard Hall) e Porto Alegre (24/4, Pepsi On Stage).
Para as apresenções no Rio de Janeiro e em São Paulo, clientes Credicard, Citibank e Diners contam com pré-venda exclusiva entre 27 de fevereiro e 4 de março. O público em geral poderá adquirir ingressos a partir de 5 de março. Para os demais shows não haverá pré-venda; os ingressos serão vendidos a partir da próxima segunda, 27.
A entrada mais barata custa R$ 140, para a pista (1º lote), em Porto Alegre; a mais cara sai por R$ 900, camarote I, em São Paulo (o ingresso mais barato, descrito como "visão parcial", custa R$ 150).
Esta será a quinta passagem de Dylan pelo país. Na última delas, em 2008, o cantor fez dois shows em São Paulo e um no Rio de Janeiro.
Bob Dylan No Brasil
Pontos de venda: http://premier.ticketsforfun.com.br/content/outlets/agency.aspx
http://premier.ticketsforfun.com.br/content/outlets/agency.aspx
Pela Internet: http://www.ticketsforfun.com.br
Rio de Janeiro
15 de abril, às 20h
Endereço: Av. Ayrton Senna, 3000 (Citibank Hall)
Central de Vendas Tickets For Fun: 4003-5588
Preços e meia-entrada:
Cadeira VIP - R$800 / R$ 400
Cadeira Palco - R$ 700 / R$ 350
Cadeira Especial: R$ 600 / R$ 300
Cadeira Central: R$ 550 / R$ 275
Cadeira Lateral: R$ 500 / R$ 250
Camarote: R$ 800 / R$ 400
Poltrona: R$550 / R$275
O público em geral poderá adquirir ingresso a partir de 5 de março de 2012.
Brasília
17 de abril, às 21h30
Endereço: Ginásio de Esportes Nilson Nelson – Asa Norte
Preços e meia-entrada:
Pista Premium - R$ 550 / R$250
Pista - R$ 280 / R$ 140
Arquibancada - R$ 240 / R$ 120
O público em geral poderá adquirir ingresso a partir de 27 de fevereiro de 2012.
Belo Horizonte
19 de abril, às 21h
Endereço: Av. Nossa Senhora do Carmo, 230 (Chevrolet Hall)
Preços e meia-entrada:
Pista 1º lote - R$ R$ 180 / R$ 90
Pista 2º lote - R$ 200 / R$ 100
Pista 3º lote - R$ 220 / R$ 110
Pista 4º lote - R$ 240 / R$ 120
O público em geral poderá adquirir ingressos a partir de 27 de fevereiro de 2012.
São Paulo
21 e 22 de abril, às 22h e às 20h
Endereço: Av. das Nações Unidas (Credicard Hall)
Preços e meia-entrada:
Camarote I: R$ 900 / R$ 450
Camarote II: R$ 800 / R$ 400
Cadeira VIP: R$ 900 / R$ 450
Cadeira I: R$ 750 / R$ 375
Cadeira II: R$ 650 / R$ 325
Poltrona I: R$ 550 / R$ 275
Poltrona II: R$ 450 / R$ 225
Plateia Superior I: R$ 250 / R$ 125
Plateia Superior II: R$ 200 / R$ 100
Plateia Superior III: R$ 180 / R$ 90
Visão Parcial: R$ 150 / R$ 75
O público em geral poderá adquirir ingresso a partir de 5 de março de 2012.
Porto Alegre
24 de abril, às 21h
Endereço: Av. Severo Dulius, 1995 (Pepsi On Stage)
Preços e meia-entrada
Pista 1º lote - R$ 140 / R$ 70
Pista 2º lote - R$ 160 / R$ 80
Mezanino - R$ 180 / R$ 90
O público em geral poderá adquirir ingressos a partir de 27 de fevereiro de 2012.

Madonna lança a música “Girls Gone Wild”

Madonna lançou mais uma música que estará no novo disco dela, MDNA. Trata-se de “Girls Gone Wild”. Ela postou no seu canal do VEVO no YouTube um vídeo com a letra da faixa. Assista abaixo.
Cantora colocou no YouTube um vídeo com a letra da faixa; assista aqui
Leia textos das edições anteriores daRolling Stone Brasil – na íntegra e gratuitamente!
Madonna
MDNA é o décimo segundo trabalho de estúdio de Madonna. A chegada ao mercado está prevista para 26 de março. O primeiro single do disco, "Give Me All Your Luvin'" (com participações de Nicki Minaj e M.I.A.) foi lançado no início de fevereiro.

Homenagem a Johnny Cash, que faria 80 anos, com fotos

Fotógrafo Jim Marshall acompanhou a carreia do músico

jonnycash
Um bela coleção de fotos de Johnny Cash foi postada no site do semanário britânico “New Musical Express”. A homenagem é feita neste domingo (26/2), data em que Cash faria 80 anos. O músico, morto em 2003, aparece em fotos consagradas, como a tirada no célebre show da Folsom Prison, em 1968, e aquela em que ele aparece mostrando o dedo com uma inigualável atitude; essa aí ao lado. Todas as fotos são de autoria do fotógrafo Jim Marshall, que acompanhou toda a carreia de Cash. Clique aqui para ver, que vale à pena.

Guns N' Roses: o making off do "Illusion" e a desintegração

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“Nós fomos fazer aqueles shows abrindo para os Rolling Stones. Éramos grandes fãs dos Stones, então foi ótimo para nós. Chegamos lá, e cada um deles tinha a sua própria limousine, o seu próprio trailer, o seu próprio advogado. Lembro de olhar para Izzy e falar 'cara, nós nunca vamos ser assim'. Seis meses depois, estávamos iguais a eles”.
Duff McKagan inclina-se para frente e, com as duas mãos, puxa o seu cabelo para trás. Duas décadas se passaram, mas ele continua confuso com a rapidez com que as coisas aconteceram para os cinco integrantes do Guns N' Roses. O último a sair, aguentando de maneira heróica até agosto de 1997, Duff tenta puxar na memória os fatos dos primeiros anos, antes da banda sair dos trilhos. “Não sei exatamente o que aconteceu, e olha que eu estava lá”, reflete o baixista.
Por alguns breves e brilhantes meses de 1991 – para ser mais preciso, a partir da meia-noite do dia 17 de setembro -, o Guns N' Roses alcançou um momento raro: eles eram a maior banda do mundo. Naquele dia, Donald Trump estava em uma limousine com cinco lindas modelos rumo à Tower Records em Manhattan, para comprar as suas cópias de Use Your Illusion I e Use Your Illusion II, os novos álbuns do Guns que, pela primeira vez na história da indústria da música, haviam sido lançados simultaneamente. Centenas de lojas nas grandes cidades ao redor do planeta abriram à meia-noite para vender os discos. Slash, que estava partindo em uma viagem para a Tanzânia, interrompeu sua ida ao aeroporto para fazer uma parada na Tower da Sunset Boulevard, em Los Angeles, para, escondido atrás dos vidros do carro, ver os álbuns serem vendidos no mesmo local onde, dez anos antes, policiais o haviam detido por roubar fitas k7. “Foi um momento mágico”, relembra o guitarrista.
Quando ele voltou algumas semanas depois, Use Your Illusion I havia vendido 770.000 cópias e era o número 1 da Billboard, enquanto Use Your Illusion II tinha vendido outras 685.000 e estava na segunda posição. “Nós havíamos alcançado o topo do mundo”, fala Alan Niven, o manager do Guns N' Roses naquela época. “Quando isso acontece, você cria a sua própria forma de lidar com a situação. É difícil alcançar esse status, e, quando você finalmente o alcança, é muito fácil perder o controle”.
Ele havia perdido o seu. Niven tinha sido despedido pelo Guns N' Roses em maio de 1991, alguns meses antes de os álbuns chegarem às lojas. Como faria com Slash, Duff, Izzy, Steven e Axl, o sucesso havia cobrado de Alan o seu preço. “Ele afetou a todos. Veja o que aconteceu. A banda nunca mais gravou um álbum significativo. Izzy saiu fora alguns meses depois. Voltando aquele ponto, o que aconteceu foi que o Guns passou de uma banda jovem com grande reconhecimento e sucesso para, basicamente, ser a banda de Axl”.
Os integrantes do Guns N' Roses sempre estavam arrumando encrenca, isso era parte do charme do grupo. Tom Zutaut, um jovem executivo que havia assinado o contrato entre a banda e a Geffen em 1986, lutava para manter o grupo ativo e unido antes mesmo de eles lançarem o primeiro disco. A estratégia de Alan Niven era baseada na que Peter Mensch e Cliff Burnstein haviam adotado com o Metallica, outra banda muito difícil de trabalhar: primeiro o underground, depois quem sabe um disco de ouro com o segundo álbum, e, se tudo desse certo, platina e tudo mais depois. “Ninguém imaginava que eles iam estourar logo de cara. Se alguém dissesse isso, seria chamado de louco”, conta o manager.
O plano de Niven era construir primeiro uma reputação na Inglaterra, para ganhar credibilidade nos Estados Unidos. Quando o Guns N' Roses tocou em Donington em 1988, havia vendido apenas 7 mil discos. Uma semana depois do show, o número pulou para 75 mil. Na primavera de 1988, Appetite for Destruction era imbatível, e nenhuma estratégia havia previsto isso. O resultado de milhões e milhões de discos vendidos foi desorientador, aterrorizando todos na banda. “Não posso falar pelos outros caras, mas eu saí de uma espécie de cigano que não tinha nada direto para as turnês com o Guns, onde nada mais importava. Eu não sabia lidar com aquilo, não tinha experiência. O resultado foi que me afundei em drogas, e, quando nos reunimos para o segundo disco, eu estava completamente desorientado”, conta Slash.
“Todos nós compramos nossas casas, e tínhamos nossos próprios amigos que viviam dizendo: 'cara, você é quem mantém a banda unida'”, recorda Duff. “E lá estávamos nós. Não sabíamos o que pensar. Nada como aquilo havia acontecido antes com qualquer um de nós. O disco finalmente estourou nos Estados Unidos um ano depois de ter feito sucesso em todo o mundo. Quando voltamos para Los Angeles, íamos para os clubes e todos estavam vestidos iguais a gente. Imagine-se voltando para a sua cidade como um fenômeno cultural. As pessoas vestidas iguais a você. A sua música tocando sem parar. Você sai para fazer compras e a sua foto está na capa da Rolling Stone, as pessoas olham para a revista e para você e surtam. E tudo isso acontecendo no supermercado que você frequentou durante toda a sua vida”.
Alan Niven não precisou ser um estudioso da história do rock para entender o que deveria fazer a seguir. Ele apagou incêndios e, enquanto fazia isso, encontrou tempo para gravar e lançar um mini-álbum, G N' R Lies (1988). “Uma das coisas que tenho orgulho dessa época é que nenhum integrante da banda morreu sob a minha supervisão”, conta Niven, lentamente. “Foi um grande esforço. Você tinha que lutar, mas apenas eles venceriam a guerra. Slash teve uma overdose na minha casa uma vez. Tirei o vômito de sua boca, dei um banho, deixei ele limpo. E, quando ele finalmente ficou bem, chamou um táxi e foi direto para a casa de seu traficante. Esse era o tipo de situação que você tinha que enfrentar. Você ligava para Axl e falava: 'Venha até o escritório, você tem uma entrevista com a Guitar Player'. E não havia nenhuma entrevista. Ele chegava, você o colocava em um carro e o mandava para o Hawaí, onde ele não poderia ser encontrado. Nós fazíamos esse tipo de coisa”.
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“Coloquei Stevem em um avião uma noite, e ele foi para a primeira clase gritando 'nós vamos morrer, o avião vai cair'. Steven foi convidado a se retirar da aeronave na mesma hora. Voltamos para Los Angeles e ele foi até o seu traficante, e lá estávamos nós ferrados novamente”, lembra Alan.
Bandas são como delicados ecossistemas. Mudar uma parte afeta as outras de maneira imprevisível. Como Steven Adler já afirmou inúmeras vezes nos últimos anos, o Guns N' Roses e Appetite for Destruction foram algo único. “Nós cinco éramos como irmãos. E o que os irmãos fazem? Eles brigam!”, diz Adler. O Guns N' Roses era uma banda encrenqueira, e o maior encrenqueiro do Guns era Steven. “Ele se deu mal e nós não conseguimos trazê-lo de volta”, fala Duff, que mantém contato até hoje com o baterista. “Tínhamos uma espécie de código não escrito, íamos buscá-lo para fazer um show ou uma gravação. Diversas vezes nós mesmos demos uma geral uns nos outros. Era como um código de honra entre ladrões. Mas Steven sempre precisava ser trazido de volta, de novo e de novo. Eu e Slash dissemos para ele várias vezes: 'Cara, estamos falando com você. Se trouxermos você até aqui e você foder com tudo, nós vamos acabar com você! Veja quem está falando com você. Nós precisamos uns dos outros, e estamos preocupados com o que você anda fazendo'. Foi de partir o coração, mas o avisamos inúmeras vezes”.
“Foi lamentável. Mas a banda precisava entrar em estúdio e gravar um disco, com todos trabalhando duro. Tentamos entrar nos eixos durante um ano, e cada um foi fazendo a sua parte, mas Steven … ele não conseguia sair do buraco em que tinha se metido e voltar para a banda. Acabamos percebendo que não dava mais para continuar e que, quem sabe, fosse melhor ir atrás de outro baterista”, conta Slash.
No verão de 1990 a porta continuava aberta, mas toda vez que Adler ia ao estúdio não rolava. Ou ele estava bêbado demais ou chapado demais para tocar. A banda então procurou um advogado, que redigiu um documento comunicando para Adler que ele havia sido demitido. Steven ficou assustado, mas o efeito durou pouco. “Durante todo o tempo em que Matt Sorum gravou o disco, nós pensamos que Steven estaria de volta. Então percebemos que isso não iria acontecer. Eu não estaria sendo honesto com você se dissesse que sabíamos o que estávamos fazendo”, confessa Duff. “De maneira alguma Steven era menos importante. Demitir um integrante de uma banda é muito doloroso. É algo muito frustrante. Devo confessar que ainda fico vermelho de raiva com o que Steven fez a si mesmo”, diz Niven.
Adler relembra este momento, admitindo a fase negra que atravessava: “Cara, eu estava fodido e nunca vou negar isso, porque era óbvio que eu estava perdido. Mas eu não era o único. Lembro de um dia em que Slash me chamou até o estúdio e tocou 'Civil War' – acho que era essa. Eu estava me tratando com um bloqueador de opiáceos que um médico havia me receitado, mas ainda tinha muita heroína no meu organismo e eu estava me sentido muito mal. Tentei tocar por 20 minutos, mas não consegui. Eu estava muito fraco e não conseguia acertar o tempo. Slash e Duff começaram a gritar comigo e disseram que eu havia fodido com tudo. Recebi uma ligação algumas semanas depois e fui até o escritório, onde havia um monte de papéis e contratos para eu assinar. Foi então que percebi que havia sido demitido. Tive que entrar na justiça para receber os royalties e os créditos pelas músicas que ajudei a compor”. Em 1993, Steven Adler recebeu 2,25 mihões de dólares pela sua colaboração nos dois Use Your Illusion. Porém, ele não foi creditado em nenhuma faixa dos álbuns.
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Adler foi sacado do Guns em 11 de julho de 1990, sendo considerado incapaz de continuar na banda devido ao seu vício em álcool e drogas. Porém, por muitos anos circulou uma história que dizia que o real motivo da sua demissão teria sido um incidente com a esposa de Axl Rose na época, Erin Everly, que foi encontrada nua na casa de Steven, azedando de vez o relacionamento com o vocalista. Em uma entrevista de 1992, Axl declarou que Everly foi encontrada sem roupas e ele teve que chamar a emergência. “Ela passou uma noite na UTI porque o seu coração havia parado de bater graças a Steven. Ela estava histérica e ele deu speedball para ela. Erin nunca tinha usado drogas antes, e ele deu a ela uma mistura de cocaína com heroína”, contou Axl.
Em uma entrevista para o site Metal Sludge em 2006, Adler negou ter dado drogas para Erin, dizendo que estava em sua casa fazendo uma jam com o guitarrista do Hanoi Rocks, Andy McCoy, quando a esposa de McCoy chegou com Everly já intoxicada. “Eu chamei a ambulância e a salvei, mas a vaca da esposa do Andy disse para Axl que eu dei heroína para ela. Ele me ligou e disse que estava me esperando com uma arma e iria me matar”.
“Me contive para não fazer algo com ele”, falou Axl para Del James, em 1992. “Protegi Steven de ser morto por gente da sua própria família. Eu o salvei de ir ao tribunal porque a sua mãe me procurou e disse que seria responsável pelos seus atos”.
“Axl estava totalmente convencido de que Erin havia tido uma overdose”, conta Niven. “Isso veio a calhar, não? Essa história ajudou todo mundo. Não foi nenhuma surpresa chegarmos ao ponto de considerar seriamente ir atrás de um novo cara para a função”.
Com Steven havia uma química. Outros poderiam tocar bateria, mas não como Steven tocava. “Deixa eu dizer uma coisa. Steven não era o melhor baterista do mundo. Duff tinha até que mostrar como ele deveria tocar às vezes. Mas ele tinha uma qualidade única, que era a sua parte na magia do Guns N' Roses: ele fazia tudo com entusiasmo. Matt era um baterista muito competente, mas ele não podia substituir Steven nesse aspecto. Ele era muito bom, mas tinha uma mão muito pesada. Matt não tinha o feeling que Steven tinha. Mas nós queríamos Steven de volta? Não, é claro que não!”, relata Alan Niven.
Izzy Stradlin, cuja guitarra enchia de groove o som do Guns N' Roses, também sentiu a ausência de Steven Adler na banda. “Havia uma grande diferença”, declarou Izzy para a revista Musician em 1992. “A primeira vez que percebi o que Steven fazia pela banda foi em 1987, quando ele quebrou a mão em Michigan dando um soco em uma parede. Chamamos Fred Coury, do Cinderella, para o show seguinte, em Houston. Ele tocou tecnicamente muito bem, mas as músicas soaram absolutamente horríveis. Elas foram escritas com Steven na bateria, e o seu senso de ritmo as fez soar como todos conhecem. Quando ele se foi, tudo ficou inacreditavelmente estranho”.
O substituto de Adler, Matt Sorum, não era tão estranho ao grupo e já possuía um pouco de química dentro de si, como o próprio Sorum contou para Mick Wall: “E lá estava eu substituindo um baterista viciado, certo? Mas ele usava heroína, e eu cocaína”. Porém, Sorum era capaz de controlar o seu estilo de vida. Foi apenas nos últimos anos que Steven Adler finalmente admitiu que não tinha condições de continuar, e que a banda tomou a decisão certa em colocá-lo para fora. Este processo teve início quando Adler participou do reality show Celebrity Rehab with Dr. Drew, em 2008. “Durante vários anos culpei Slash, Duff, Izzy e Axl pelo que estava acontecendo comigo, mas quando comecei a trabalhar com o Dr. Drew Pinsky aprendi que precisava falar sobre todas aquelas coisas e colocá-las para fora do meu organismo. Eu precisava pedir desculpas para Slash por culpá-lo por tudo que aconteceu comigo. Até fazer isso, era como se eu não fosse capaz de seguir em frente. Depois de falar tudo o que queria para Slash, agora posso seguir a minha trajetória”, admite Adler.
“Olhando para trás, acho que perder Steven foi um dos fatores que fizeram a banda se desintegrar. Mas, de qualquer forma, Axl foi o maior responsável por tudo. Steven foi só a ponta do iceberg”, afirma Slash.
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Algo que o Guns N' Roses sempre teve foi música. Eles podiam estar chapados, mas não estavam parados – ainda. Ao contrário do que aconteceu em G 'N R Lies, material não era o problema. “November Rain”, talvez a canção essencial de Use Your Illusion, nasceu antes de Axl entrar na banda. Uma demo acústica com vinte minutos de duração havia sido gravada no estúdio Sound City, em Los Angeles. “Don't Cry”, Axl recorda, foi a primeira faixa que a banda compôs junto, uma canção sobre a namorada de Izzy: “Ele gostava muito dela. Eles acabaram, e nós estávamos sentados do lado de fora do Rozy quando ela apareceu para se despedir de todos. Escrevemos 'Don't Cry' em uns cinco minutos”.
Alan Niven afirma que muito material havia sobrado das sessões de Appetite forDestruction, incluindo “You Could Be Mine”, “Back Off Bitch”, “Bad Obsession” e “The Garden”. Além disso, Slash, Duff e Izzy eram compositores muito prolíficos e rápidos.Slash relembra aquele tempo: “Estávamos em minha casa em Walnut Drive, nas montanhas Laurel Canyon. Compilamos mais de trinta faixas em uma noite. Essa foi a única vez, pelo menos que eu lembro, em que fizemos algo do tipo. Apenas eu, Izzy, Duff e Axl. Fechamos em 30 canções. Essa foi a única sessão de composição da história da banda em que todos nós ficamos na mesma sala. Foi algo muito emocionante. A próxima coisa que precisávamos fazer era sair à procura de bateristas. Lembro de assistir Matt com o The Cult e pensar que ele era o único bom baterista que eu havia visto, então liguei para ele e o chamei para conversar. Começamos ensaiando esse material, e logo entramos em estúdio. Fizemos a base juntos, e tudo aconteceu muito rápido. Mas, como tínhamos muito material, acabou sendo uma jornada épica”.
Slash tinha uma composição de 18 minutos, “Coma”, que havia escrito quando estava completamente chapado. Duff fez “So Fine”, e Izzy trouxe os seus tradicionais rocks: “Pretty Tied Up”, “Double Talkin' Jive”, “You Ain't the First”, “14 Years” e “Dust 'N' Bones”.Slash continua: “E tínhamos ainda as faixas compostas por Axl, que eu nunca havia escutado antes. Coisas que ele havia escrito com West Arkeen”. Arkeen, um personagem selvagem do tipo que você só poderia conhecer durante os anos 80 e que morreu de overdose em 1997, foi o co-autor de “The Garden”, “Bad Obsession” e “Yesterdays”, além de “It's So Easy”, de Appetite for Destruction. Del James, amigo de Axl, também foi creditado em “Yesterdays” e “The Garden”. “Eu era um grande amigo de West, mas nunca escrevi nada com ele”, conta Slash. “Nós saímos e fizemos algumas jams juntos, mas em apenas em algumas canções eu permaneci por perto, com Axl e todos tocando juntos. West e Axl, Del e Duff: aquilo era mais do que eu gostaria, porém eu não me importava, desde que as composições fossem boas e eu pudesse fazer algo com elas. 'It's So Easy' foi uma das faixas que, quando ouvi pela primeira vez em sua versão original, não achei grande coisa, mas então peguei e mudei algumas coisas e ela ficou como todos conhecem. 'The Garden' era realmente muito boa, mas não me importei com isso. Eu estava preocupado com a devassidão de merda em que estava me metendo. Se todo mundo estava ocupado, não havia ninguém me observando enquanto eu fazia o que estava fazendo”.
Enquanto a existência da banda era precária, a sua situação continuava extraordinária. Appetite for Destruction seguia vendendo milhões, e o hiato do grupo possibilitou a Alan Niven fazer coisas que nunca havia feito antes. O sucesso na indústria da música, assim como o sucesso em qualquer tipo de negócio, tornou possível qualquer coisa que qualquer um deles desejasse. “Eu estava sendo muito pressionado por David Geffen, que me perguntava quando o disco ficaria pronto”, conta Niven. “Ele queria lançar o álbum antes de vender a Geffen, beneficiando-se assim das vendas para valorizar ainda mais a sua companhia. Quando você estima que Use Your Illusion rendeu cerca de 100 milhões de dólares em todo o mundo apenas nas primeiras semanas após o seu lançamento, você pode imaginar o tamanho dessa pressão”.
Por conta disso, Alan decidiu que era preciso renegociar o contrato da banda com a Geffen. Ele sabia que os managers do Whitesnake e do Aerosmith também tentaram fazer isso depois que as duas bandas venderam mais de 5 milhões de cópias de seus últimos álbuns, mas deram com os burros n'água. David Geffen era reconhecidamente durão e difícil, mas Niven também. Use Your Illusion era a sua arma nuclear e, em um jantar com Eddie Rosenblatt, presidente da Geffen, Niven apertou o botão. “Depois de fazer Eddie beber uma dúzia de taças de vinho, fui pra cima dele e disse: 'Odeio acabar esta noite com você surtando comigo, mas você precisa levar uma mensagem para David: enquanto não renegociarmos o contrato, ele não terá o disco'”. Niven conseguiu o que queria, retornando com uma solução lucrativa para a abundância de material que o Guns havia escrito. Ao invés de um álbum quádruplo, o tipo de exagero que poderia arruinar a carreira da banda, Use Your Illusion seria lançado como dois discos duplos, que chegariam às lojas no mesmo dia. Era o típico truque da indústria musical que fazia com que a banda transmitisse uma espécie de respeito pelos fãs, quando, na verdade, estava gerando não uma, mas duas grandes fontes de renda para os envolvidos.
“Nós havíamos alcançado números incríveis com Appetite for Destruction”, conta Niven. “Eu estava muito nervoso com a possibilidade de vendermos 2 milhões de álbuns duplos, quando havíamos vendido 12 milhões de cópias de Appetite. Tive um encontro com Rosenblatt, e ele puxou um pedaço de papel e disse: 'Escreva aí o que você acha que devemos fazer'. Acreditem ou não, escrevi que achava que venderíamos 4 milhões de cada álbum duplo, o que significava 8 milhões de discos. Isso seria, disse para ele, uma continuação digna para Appetite, e não um fracasso”.
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O que Niven e a banda também perceberam foi que Use Your Illusion era mais do que um disco (ou dois), mas sim um grande evento, um acontecimento que colocou uma banda já única ainda mais distante das outras. Além das mudanças de formação e da evolução sonora, a estética do Guns N' Roses também havia mudado. O estilo dos anos 80, com caveiras, ossos, armas e crucifixos foi deixado para trás, e uma nova identidade visual mostrou o Guns alinhado com a sua época. Era a banda se aproximando de algo que sempre evitou: a arte.
Axl Rose tinha se tornado um entusiasta de Mark Kostabi, um controverso artista nova-iorquino que havia colocado o conceito de “art factory” de Andy Warhol em um outro nível, abrindo um estúdio chamado Kostabi World onde contava com equipes de assistentes que produziam milhares de pinturas. “Axl realmente se apaixonou pelo trabalho de Kostabi, mas aquilo tudo era uma farsa. Ele colocava outras pessoas pintando backgrounds enquanto roubava imagens de obras clássicas e as colocava sobre esses backgrounds. Axl amou esse conceito, e queria usar uma das obras de Kostabi na capa. E, é claro, pagou uma fortuna para isso”, conta Niven.
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A capa de Use Your Illusion era baseada em um detalhe da obra The School of Athens, de Raphael, um clássico da Renascença exposto no Vaticano. Ela foi finalizada em 1511, e, de acordo com o que Niven apurou, estava livre de direitos autorais há séculos. “Então eu pensei: ótimo, quando lançarmos o merchandising não precisaremos pagar nada a Kostabi, já que a obra é de domínio público. Mas Axl havia pago uma fortuna por obras que poderia ter, basicamente, de graça. Sempre abro um sorriso quando penso que Axl deu um cheque enorme para esse Mark Kostabi quando ele poderia ter uma pintura similar de Del James pagando apenas um punhado de dólares”.
Apesar de os créditos reconhecerem que o disco havia consumido um período de dois anos e passado por sete estúdios diferentes, uma das características mais marcantes de Use Your Illusion foi a velocidade com que a estrutura básica das faixas foi gravada. “Eu estava realmente feliz com a quantidade de material, afinal gravamos a estrutura básica de 30 canções em apenas 30 dias, isso tudo com um novo baterista. Mas então nós fodemos com tudo”, diz Slash. “Depois das faixas guias prontas, passei três semanas só gravando as guitarras, o que, levando-se em conta que eram trinta músicas, até que foi rápido. Mas tudo caiu por terra quando começamos a colocar os sintetizadores. Eu nunca concordei com essa coisa de sintetizadores. Embora pense que algumas coisas ficaram brilhantes, era algo totalmente novo, e foi o início do fim. Foi o começo de um processo que parecia eterno. A gente passava dias sem fazer nada, de vez em quando íamos ao estúdio e gravávamos algo. A maior parte do processo estava terminado. Muito do que foi feito depois, na pós-produção, realmente não precisaria ter sido feito. Aquilo foi muito decepcionante para mim”.
Izzy Stradlin também se afastou, distanciando-se dos demais à medida em que as gravações iam evoluindo. “Eu gravei a estrutura das faixas, e então Slash fez a parte dele em mais ou menos uns dois meses. Quando Axl começou a gravar os vocais, fiz as malas e voltei para Indiana”. Duff fala pausadamente: “Bem, Axl é um perfeccionista. É isso que faz dele um grande artista, e também o produto final ficar excelente, mas acaba sendo irritante trabalhar com uma pessoa assim. Não há como apressar as coisas com ele. Em 'November Rain', em particular, ele nos torturou. O perfeccionismo, até aquele momento, não era uma característica da banda”.
“Axl tinha a sua visão sobre o que havia criado”, declarou Matt Sorum para Mick Wall. “Quando nós começávamos a trabalhar ao meio-dia, a coisa funcionava. Havia um monte de bebidas no estúdio, e a heroína havia sido deixada de lado – Slash e Izzy tinham parado de usá-la. Em compensação, estávamos cheirando muita cocaína. Deixar um monte dedrogas na frente de Axl nunca era a coisa mais inteligente a ser feita”. As sessões de gravação foram se prolongando cada vez mais, e a banda começou a rachar. “Eram noites intermináveis. Nós começávamos entre 6 e 7 da noite. Axl só queria saber das suas canções, 'November Rain' e 'Don't Cry'”, conta Sorum.
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A aprendizagem é algo belo. É tentador olhar para Use Your Illusion pelo ponto de vista da banda e assistir Axl tomando o controle e exigindo a sua vingança contra o mundo, vivendo todas as fantasias de rock star que tinha quando era apenas um garoto em Indiana. Mas a verdade é bem mais complexa. “Quando era mais jovem, ele tocava e compunha no piano. Canções como 'Goodbye Yellow Brick Road' e 'Funeral for a Friend', de Elton John, tiveram um grande impacto sobre Axl. Ele queria alcançar aquele nível, e qualquer pessoa que já é um ídolo e se espelha em alguém, no fundo do seu coração quer superar quem o inspirou”, analisa Alan Niven.
Use Your Illusion tinha “November Rain” e “Estranged”, duas composições ambiciosas sobre temas que sugeriam a natureza obsessiva de Axl Rose. “November Rain” era uma canção sobre “ter um compromisso com um amor não correspondido”, segundo declarou o próprio Axl. “Estranged” reconhecia isso e ia além, mostrando um cara que foi jogado para fora do seu universo e não tinha escolha, pois tudo que ele desejava simplesmente não aconteceu. Essa grandiosidade tinha o seu contraponto em faixas violentas e diretas como “Get in the Ring”, “Right Next Door to Hell” e “Back Off Bitch”, que continham letras explícitas que não disfarçavam a raiva de seus compositores. Essa era uma área em que cada um se expressava de maneira própria. “Acho que Axl estava cansado de uma maneira mesquinha. Ele já havia feito algo similar em 'One in a Million', mas quanto mais você cresce maiores as coisas ficam. Ele estava atacando seus vizinhos e os jornalistas, então eu pensei: 'Axl, o seu mundo se resume a isso?'”, provoca Alan Niven.
Axl respondeu a essas provocações de forma direta em 1992: “'Back off Bitch' é uma canção de dez anos atrás. Escrevi as palavras que me vieram à mente quando eu pensava no sexo feminino. Eu odiava as mulheres. Basicamente, fui rejeitado pela minha mãe desde que nasci. Ela preferia o meu padastro e apenas assistia enquanto ele me batia, a não ser quando a coisa passava muito do ponto, daí ela vinha me abraçar. Ela nunca fazia nada. A minha avó tinha problemas com homens. Descobri que ela saía com vários caras quando tinha 4 anos, e tive problemas com a minha própria sexualidade por causa disso. Então, o que eu fiz foi escrever o que sentia nessas canções”.
Use You Illusion I e II tornaram-se trabalhos que mostravam a abundância de sua época. São álbuns auto-indulgentes e exagerados, criados por caras que, durante o processo, não ouviram a palavra “não” muitas vezes. Tudo neles foi feito sem medo e remorso, e ambos contém algumas das melhores canções que o Guns N' Roses gravou. Use Your Illusion também coloca em perspectiva os outros dois principais lançamentos da banda, como uma linha clara separando Appetite for Destruction de Chinese Democracy.
“A gente sabia que tinha superado Appetite for Destruction de alguma maneira”, contou Axl à revista Hit Parader logo após o lançamento. “O primeiro disco foi feito do nosso jeito, e foi um grande sucesso. Agora, tínhamos poder para fazer qualquer coisa que quiséssemos. Eu nunca enxerguei Use Your Illusion como dois álbuns separados, mas sim como um único trabalho. Para mim, ele soa perfeito com suas trinta canções. Tudo o que nós decidimos gravar para o álbum, nós gravamos”.
Bob Clearmountain fez a mixagem, enquanto Mike Clink foi o engenheiro de som. “Axl se mudou para o estúdio e só Deus sabe o que ele fez com Bob”, conta Alan Niven. “Era como ter um maluco colado no seu pescoço. Bob Clearmountain é um dos meus heróis, mas a mixagem que ele fez deixou as faixas sem vida”. Tom Zutaut então sugeriu que Bill Price, que quase havia produzido Appetite for Destruction quando a banda planejava gravar o disco em Londres, fizesse o trabalho. Price entregou então um mix “pesado, na cara e muito forte” de “Right Next Door to Hell”, e ganhou o trabalho. “Foi um processo muito longo”, relembra Price. “A última meia dúzia de faixas foi gravada, incluindo os overdubs de vocal e guitarra, em diversos estúdios espalhados pelos Estados Unidos quando eles tinham uma folga entre os shows, porque a turnê já tinha começado. Eu apresentava a mixagem para a banda voando pelos EUA com uma caixa cheia de fitas DAT, que tocava para eles no backstage”.
“Eu nunca mais tinha sentado e escutado as faixas até elas estarem finalizadas, então fazia muito tempo que eu não ouvia aquelas composições”, conta Slash. “Havia coisas lá atrás que eu não tinha gostado, mas ouvindo as faixas percebi que o trabalho havia sido muito produtivo e que a banda estava, de certa forma, em harmonia. Hoje em dia eu penso que, para mim como guitarrista, foi divertido gravar tudo aquilo. Sinto que toquei realmente bem naqueles discos”.
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Alan Niven recorda de um longo fim de semana com Slash, quando ele entendeu que as coisas tinham mudado. Aquele delicado ecossistema que Steven Adler fazia parte não existia mais. “Fazemos escolhas todos os dias. Em Use Your Illusion, Slash fez uma escolha e eu entendi perfeitamente, mas não aceitei. Uma noite, eu e ele estávamos sentados sozinhos em sua casa em Laurel Canyon e ele ficou lamentando o que Axl estava fazendo com a banda. Ele sentia que aquele não era o Guns N' Roses, a banda com a qual ele havia se comprometido. Ele achava que uma uma composição com aquele estilo épico era apropriada, mas várias nessa linha não. Olhei para ele e disse: 'Então você tem que deixar isso claro'. Slash respondeu: 'Axl está no comando agora'”.
Slash fala sobre o assunto: “Eu sempre achei Axl um cara difícil, mas nós o controlávamos. Nós éramos cinco indivíduos, mais Alan e Tom Zutaut, então nós decidíamos o que iríamos fazer. Mas então perdemos Steven, e depois Alan. Era uma situação muito delicada, que iria explodir em algum momento. Alan não iria mais limpar a merda que Axl fazia, e Axl não suportava isso. Era uma guerra. Hoje em dia vejo que não era nada divertido, mas a única coisa que podíamos fazer era recusar tudo o que Axl queria. Não acho que isso seria muito produtivo, mas, olhando em perspectiva, o que nós acabamos fazendo foi tolerar um monte de coisas só para continuarmos juntos. No final, acabamos criando um monstro. Acho que, provavelmente, teríamos acabado antes. Não concordei com a contratação de Doug Goldstein como manager, no lugar de Alan. Sabia que ele era um verme”.
Com a mixagem sendo feita por Bill Price, Axl chamou Niven para conversar e comunicou que ele não trabalhava mais para a banda. “A primeira coisa que Axl fez depois de me demitir foi garantir que os direitos sobre o nome da banda ficassem bem longe dos outros integrantes (Axl ganhou na justiça a propriedade sobre a marca Guns N' Roses no início dos anos 90). Isso diz muito sobre o que estava acontecendo. Axl estava tomando o controle. Com Doug Goldstein, tudo ficava mais fácil para ele”, conta Niven.
“Três meses depois de eu sair Izzy arrumou as malas, porque não havia mais uma banda. Ele não se sentia mais parte do Guns N' Roses. Para mim, Izzy era o coração e a alma do grupo”, conclui Alan Niven.
“Alan era alguém em quem eu confiava. Já Doug eu sabia que era um cara que colocaria um lado contra o outro. Em outras palavras, ele dizia uma coisa para mim e outra para Axl. Além disso, puxava o saco de Axl o tempo todo. Eu estava consciente disso. Nós tínhamos uma turnê mundial pela frente. Mesmo quando perdemos Izzy, eu falei: 'vamos em frente!'. Mas quando a tour acabou e chegou a hora de entrar em estúdio novamente foi impossível, pois Izzy não estava lá, Steven não estava lá, e a minha cabeça também não. A dura realidade era que a distância entre Axl e eu havia crescido muito, e era impossível começar de novo”, conta Slash.
Axl, é claro, via as coisas de maneira diferente. Em uma de suas raras declarações sobre o assunto, declarou para a Rolling Stone: “É como diz aquele velho ditado: 'não compre um carro de seus amigos'. Naquela banda todos queriam dirigir, e quase conduziram o grupo para um precipício”.
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Estamos em outubro de 2010, e Duff McKagan está em uma de suas costumeiras visitas a Londres. Ele está em uma reunião com o seu manager, discutindo assuntos de sua carreira. No final do encontro, o manager pergunta: “E então, você vai tocar hoje à noite?”. “Eu?”, responde o baixista, que logo continua: “Cara, você sabe muito bem porque eu estou aqui, foi você que agilizou tudo isso”. Duff arruma as suas coisas e pega a chave de sua suíte. Ele ouviu falar que um hóspede furioso está no mesma andar que o seu, e logo descobre que o tal hóspede é Axl. Eles não tocam juntos há 13 anos. “Nós fizemos grandes coisas no passado, e agora vamos tocar juntos novamente. Eu estava meio cansado disso. Fiquei bebendo um Red Bull e pensando em algumas coisas. Depois de tocar novamente com Axl hoje à noite, terei que falar sobre isso em todas as entrevistas daqui pra frente, e isso será um saco”, diz um resignado Duff.
“A maneira como Axl se relaciona com as pessoas às vezes é genial, e eu sempre adorei isso nele. Algumas coisas podem ser frustrantes, e você também pode se frustar com a situação. A turnê de Use Your Illusion não foi feita só de grandes momentos. Se eu tenho vergonha dos últimos anos em que estive na banda? Sim, por muito tempo eu tive. Mas quando você começa algo você tem uma responsabilidade sobre aquilo. Teve momentos em que eu deveria ter caído fora, mas daí eu retomava a razão e continuava. Acho que eu sempre fui a voz da razão dentro da banda”.
Duff McKagan continua sendo o elo de ligação entre os cinco músicos. Apesar de não querer falar sobre sua relação com Axl (“é algo pessoal”, diz ele), o baixista passou um longo tempo com o vocalista nessa visita a Londres. Alguns meses antes, Duff tocou com Steven Adler. Ele também é muito próximo de Izzy. “Ele tem uma vida realmente cool. Lembro de quando Izzy ficou sóbrio, assisti a tudo. Foi no início dos anos 90, enquanto a gente estava na estrada. O momento em que ele ficou em paz consigo mesmo também foi o momento em que percebi que ele não continuaria conosco por muito tempo. Izzy é um grande cara, e uma influência muito positiva na minha vida”.
As vendas de Use Your Illusion I e Use Your Illusion II estão atualmente na faixa de 15 milhões de cópias. A turnê do álbum, que se estendeu por anos, rendeu mais alguns milhões de dólares. O preço disso tudo é fácil de perceber. Alan Niven mudou-se para o Arizona e manteve-se afastado da indústria da música até recentemente. Izzy Stradlin continua firme em seu próprio mundo, e possui uma já respeitável carreira solo. Axl Rose gastou 17 anos e 11 integrantes para produzir outro álbum do grupo. E Guns N' Rosescontinua o nome mais forte associado às carreiras de Slash e Duff.
“Passei vinte anos usando drogas”, conta Steven Adler, “mas tenho um novo começo agora. Meu livro mostra todas as minhas cagadas e os meus medos. Era algo que eu precisava fazer para mostrar pra todo mundo a grande mentira em que a minha vida havia se transformado”.
“Muitas pessoas adoram dizer que é maravilhoso quando o seu trabalho é aquilo que você adora fazer”, conta Alan Niven. “Um monte de gente passa a vida toda com medo do anonimato. Mas quando você alcança a fama, você percebe que é tudo uma grande ilusão. Quando o seu anonimato está comprometido, você percebe o valor que ele tinha. Eu tive uma grande depressão depois que saí disso tudo”.
“Você sabe”, analisa Slash, “quando eu olho para trás, vejo que foi algo monumental. A primeira coisa que penso é como nós conseguimos fazer dois álbuns incríveis com tanta merda acontecendo. Acho que os dois volumes de Use Your Illusion, se você conhece a história por trás dos discos, são trabalhos muito vitoriosos”.
“Estes discos polarizaram as pessoas. Eu entendo e estou em paz com isso”, diz Duff enquanto se prepara pra pegar outro avião, desta vez de volta para a sua casa em Seattle. “Sempre me perguntam quando vamos nos reunir. Bem, nenhum de nós afirmou que faria isso. Acho que as pessoas querem que a gente volte para terem a sua juventude de volta. O título Use Your Illusion é muito apropriado para quem pensa dessa maneira”.

Por Jon Hotten
Tradução de Ricardo Seelig
(matéria publicada originalmente na Classic Rock 160, de junho de 2011)
Matéria original: Collector´s Room