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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

GRAVADORAS DESISTEM DE APOSENTAR O CD

O formato CD será abandonado por várias das grandes gravadoras no fim de 2012’, gritava a manchete. Você clicou nela, não? Milhares o fizeram.
No artigo, um autor anônimo do site musical Side-Line afirmava que a indústria da música tinha bolado um plano secreto para enterrar o CD, ‘e substituí-lo com lançamentos somente via download ou streaming através do iTunes e serviços similares. ’
A matéria era mal-escrita, e não apontava para nenhuma fonte conhecida [além de seu próprio ‘editor-chefe’], mas isso não impediu que ela se alastrasse rapidamente.
Desde então, ela teve mais de 30 mil ‘Likes’, foi repetida como se fosse um fato por blogs de tecnologia, e gerou acaloradas discussões em fóruns como o Drowned in Sound.
Eu até a postei no Facebook. Isso foi antes deu verdadeiramente LER o artigo, no que eu pensei, ‘Peraí, isso é pura invenção, não é?
O autor disse que ele tinha contatado a EMI, a Universal e a Sony, todas as quais ‘recusaram-se a comentar’. O que é estranho, por quando EU tentei um comentário de uma gravadora grande, demorou exatamente 30 segundos para que eles respondessem, dizendo que a coisa toda era ‘sem sentido’.
Nós não temos intenção alguma de parar a produção de CDs”, disse Selina Webb, diretora de comunicação da Universal, apontando para que, apesar das vendas digitais estarem crescendo rápido, por toda a indústria, 74% de todas as vendas de discos foram em CD.
Enquanto isso, Chris Scott, gerente de produtos da mesma gravadora, confirmou a predominante supremacia do formato, me dizendo:
O single físico pode ter se tornado um produto para um nicho, mas o álbum físico é de fato um produto muito importante.”
As gravadoras teriam que ser completamente loucas para deliberadamente encerrarem sua atividade mais lucrativa. Claro, todo mundo sabe que a renda de vendas de formatos físicos está caindo. Mas não tão rápido quanto você possa concluir.
O mercado vale atualmente 30 bilhões de reais. De acordo com analistas, isso cairá para 22.5 bilhões por volta de 2015. Mesmo até lá, as vendas físicas ainda farão 30% mais dinheiro do que as digitais.
Quanto à afirmação do Side-Line que os CDs em breve serão substituídos por ‘lançamentos por streaming’, é pra rir. Até o dia quando comprar uma assinatura mensal de música se tornar uma atividade verdadeiramente de massa [pode acontecer um dia], ninguém vai ganhar nenhuma quantia significativa de dinheiro com isso. Tal como o músico Jon Hopkins disse em seu Twitter outro dia:
Recebi 24 reais por 90 mil execuções. Foda-se o Spotify.
Então – a era do CD está longe de acabar. Ainda assim, o artigo da Side-Line pelo menos acendeu um debate interessante. Se os CDs REALMENTE desaparecerem, nós sentiremos falta deles? Teremos no futuro um fetiche por eles da mesma maneira que algumas pessoas têm por vinil hoje em dia? Até agora o formato tem se provado à prova de nostalgia, mas por todas as razões que eu descrevo aqui, eu estou convencido que isso irá mudar.
E novamente, a popularidade fugaz do artigo do Side-Line também levanta outra questão: porque se importar com jornalismo factual online, quando você pode vomitar qualquer idiotice e assistir ao tráfego de seu site explodir?
Fonte: site da revista inglesa NME

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