O texto representa a opinião do autor.
O primeiro line-up divulgado animou tanto quanto o do SWU, nele prometia-se KINGS OF LEON, INCUBUS, STROKES e FOO FIGHTERS no mesmo dia!
Mas peraí... Esse festival tem fama de ser uma coisa mais “alternativa”, então logo surgiu uma desconfiança que se confirmou quando foi publicado o verdadeiro line-up... Como de costume, um monte de bandas “desconhecidas” e um arrasa-quarteirão pra fechar o espetáculo e no meio, até uma surpreendente JOAN JETT, que é sempre muito boa e muito bem-vinda!
O primeiro desapontamento surgiu ao saber os valores do festival: abusivos R$500,00 (super alternativo, não?). Já não é surpresa pra ninguém que shows no Brasil são cada vez mais absurdamente caros e nós, como bons anfitriões, nunca deixamos de pagar o preço que o gringo quiser, sendo a maior prova disso em 2011 o espetáculo “The Wall” (2012), que até me dá muita vontade de ver, afinal sou fã do Rogers Waters, mas não por astronômicos R$900,00.
Nosso querido país entrou de vez na rota de grandes shows gringos. Óbvio, se você tivesse um bom público, que pagasse o valor que fosse proposto, não reclamasse de atrasos e te aplaudisse no fim do espetáculo (não é mesmo, SR. AXL ROSE?) e mais um monte de regalias, acredite em mim, também não sairia daqui
Os mais inocentes acreditam que o público brasileiro é tão acolhedor que os gringos vão e voltam por pura simpatia, pra tomar caipirinhas e dançar samba. Para esses, fica a minha admiração pelo otimismo.
Num ano que contou com a volta do bombado Rock in Rio e com a segunda (e bem melhor) edição do SWU, Lollapalooza tinha uma grande responsabilidade de agradar, certo?
Errado.
Primeiro, que saberia sobre a confusão do sumido Peter Gabriel com o Ultraje a Rigor (dá-lhe Roger!) e, portanto, pensaria duas vezes antes de chegar chutando a porta do barraco.
Segundo, não sei quanto à educação que corre por aí, mas eu sempre fui ensinada que quando se chega num lugar que nunca se foi e não se tem “intimidade” com os donos, você deve chegar de mansinho e respeitando sempre o anfitrião, afinal, você é visita. Se me portasse mal na casa alheia, era surra na certa. Beijo, mãe, que me educou muito bem!
Contrário a essas premissas, o frontman da justamente esquecida JANE'S ADDICTION resolveu chegar cheio de marra e comprar briga com um dos músicos mais inteligentes do país. Seguindo a mesma linha correta de pensamento de Roger, Lobão não aceitou ser menosprezado dentro da sua casa e mostrou toda a sua revolta e, ao contrário de artistas que aceitam qualquer coisa pra falar que tocaram junto com um gringo, Lobão colocou Farrell no lugar dele e francamente, fiquei decepcionada pela falta de apoio ao músico.
Aliás, a réplica só abriu uma brecha para Farrell demonstrar toda sua ignorância com pérolas como: “Estou aprendendo sobre os brasileiros agora, assim como vocês estão aprendendo agora sobre as bandas internacionais”. “Aqui não há tanta educação musical. Espero que o Lollapalooza traga essa cultura de festivais e shows internacionais para a América Latina. Ops, para o Brasil.”
Com isso, preciso acrescentar mais alguma coisa? Preciso. Não sou uma pessoa que possa ser chamada de nacionalista e cheguei até a falar para amigos que tinha muita banda nacional, que figura direto em casa de shows paulistanas a R$30,00 no line-up e o preço não se justificava. E apoio isso ainda. Os artistas brazucas (salvo medalhões à la Roberto Carlos) não enfiam o pé na jaca com seus ingressos. Principalmente bandas do bom rock nacional, como Plebe Rude, Velhas Virgens, etc... Mas, como ir a um evento que começa dessa forma e é conduzido por um ser como Perry Farrell?
Não sou nacionalista, sou apenas consciente. Minha consciência não me permite desembolsar R$250,00 (pagando meia) para os bolsos desse panaca. E sou fã de Foo Fighters. Espero há muito tempo uma visita deles por aqui. Mas mesmo assim, não vale a pena.
Sou uma entusiasta da música. Não consigo passar um dia sequer sem ouvir nenhuma. Falo sobre música todos os dias. Leio sobre, penso sobre, sonho sobre... I know it's only rock 'n' roll but I like it é o que melhor expressa meu sentimento com a música. E nada nesse mundo me enfia na cabeça que esse festival vem com o objetivo musical pra cá. Farrell quer lucrar nas costas dos desafortunados brasileiros. Não ia dar grana nenhuma esse ano lá então, vamos pro Brasil, onde tudo é festa! E o pior é que ele vai conseguir. Desafio qualquer um chegar com essa marra no todo-poderoso e prepotente EUA. Depois, me contem se conseguiram. Artistas muito MELHORES e mais GENIAIS que o simples e sem graça JANE'S ADDICTION demonstram muito mais humildade (até Sir Paul McCartney), mas o melhor exemplo que me vem na cabeça é o do endiabrado Mike Patton.
Mas, como já dizia Raul: “vamos embora, dar lugar pros gringo entrar, porque esse imóvel tá pra alugar”
Camila
Por Camila Fernanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário